O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna
Quando penso em O Auto da Compadecida, logo me vem à mente a mistura única de humor e reflexão profunda que marca a obra de Ariano Suassuna.
Escrita em 1955, essa peça teatral, que se passa no sertão nordestino, é uma verdadeira celebração da cultura popular brasileira.
Através de personagens cativantes como João Grilo e Chicó, Suassuna cria uma história repleta de situações hilárias, mas que também nos faz refletir sobre questões como justiça divina, hipocrisia religiosa e a condição humana.
É impossível não se envolver com a trama, que, apesar de profundamente enraizada no Nordeste, traz temas universais e atemporais.
A adaptação para o cinema, em 2000, apenas consolidou o legado dessa obra, mas é na leitura do texto original que podemos realmente apreciar a riqueza de detalhes e a profundidade da obra.
Sobre o Livro
O Auto da Compadecida é uma peça de teatro escrita por Ariano Suassuna que mistura literatura de cordel, religiosidade popular, comédia e crítica social.
A história gira em torno de dois personagens principais, João Grilo e Chicó, dois nordestinos que, com suas mentiras e artimanhas, enfrentam situações inusitadas e hilárias.
A trama se passa em um vilarejo no sertão, onde os dois amigos tentam enganar figuras como um padre ganancioso e um padeiro avarento.
A história vai ganhando um tom mais filosófico à medida que João Grilo e Chicó se deparam com a mortalidade e o julgamento celestial, com a Compadecida (Nossa Senhora) intervindo para salvar as almas.
O humor de Suassuna é uma das maiores riquezas da obra. Ele utiliza da ironia para criticar a sociedade e suas instituições, especialmente o clero, mas sem nunca perder a leveza.
Os personagens, que são caricaturas de tipos populares, trazem à tona características humanas universais, fazendo com que o leitor se identifique com suas fraquezas e virtudes.
A obra é uma mistura de risos e reflexões profundas, onde a comédia e a crítica social se entrelaçam de maneira brilhante.
Resenha
Ao começar a ler O Auto da Compadecida, logo percebo como Ariano Suassuna consegue, de maneira única, transmitir a alma do Nordeste brasileiro.
O autor faz isso com maestria, utilizando regionalismos, expressões típicas e a linguagem oral, o que confere à obra uma autenticidade inconfundível.
Os personagens são tão bem construídos que, ao lê-los, consigo ouvir suas vozes e até imaginar seus gestos e expressões.
João Grilo é um personagem que, apesar de suas falácias e artimanhas, acaba sendo uma espécie de herói, embora não convencional.
Ele é o típico nordestino esperto, que usa sua inteligência e criatividade para lidar com as adversidades da vida.
Já Chicó, seu fiel amigo, é o contador de histórias, sempre inventando relatos fantásticos para escapar das situações complicadas.
Juntos, formam uma dupla cômica que, ao mesmo tempo em que faz rir, também nos ensina sobre amizade, lealdade e sobreviver com dignidade em um mundo cruel.
O ponto alto da obra, para mim, é quando os dois personagens são confrontados com a mortalidade e, então, a narrativa ganha um tom mais profundo.
O julgamento celestial, onde Nossa Senhora intercede pelas almas, é uma representação simbólica da luta entre o bem e o mal, entre o perdão e o castigo.
Nesse momento, Suassuna nos faz refletir sobre a moralidade e as contradições humanas.
O autor, através de sua escrita, também faz uma crítica contundente à hipocrisia religiosa e à moralidade seletiva da sociedade.
A ironia está presente o tempo todo, mas nunca de forma forçada. Ao contrário, ela flui naturalmente, como uma conversa de rua, entre amigos, onde se fala de tudo, sem censura.
Breve Descrição
- Título: O Auto da Compadecida
- Autor: Ariano Suassuna
- Ano de Lançamento: 1955
- Páginas: 208
- Idioma: Português
- Editora: Nova Fronteira
- ISBN: 9788520938393
Outros Livros Similares
Se você gostou de O Auto da Compadecida, pode gostar também de:
- A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna – Outra obra que mistura o realismo mágico com a cultura nordestina.
- Os Sertões, de Euclides da Cunha – Uma obra que também aborda o sertão e sua gente, de maneira mais sóbria e profunda.
- O Guarani, de José de Alencar – Uma obra que também explora a cultura popular brasileira, embora de uma forma mais romântica.
Críticas Especializadas
Críticos e estudiosos da literatura brasileira consideram O Auto da Compadecida uma das maiores obras de Suassuna e um marco do teatro brasileiro moderno.
Segundo Sábato Magaldi, a peça é o “texto mais popular do moderno teatro brasileiro”, o que confirma o sucesso de Suassuna em criar uma obra que, ao mesmo tempo em que é profundamente crítica, também é acessível e divertida.
A crítica destaca ainda o uso da linguagem popular e dos regionalismos, que são elementos fundamentais para a construção da autenticidade da obra.
Ao mesmo tempo, a crítica social presente na peça é vista como uma forma de Suassuna questionar as desigualdades e contradições da sociedade brasileira.
Curiosidades
- O Auto da Compadecida foi adaptado para o cinema em 2000, com grande sucesso, tornando-se a maior bilheteira do cinema brasileiro por um bom tempo.
- A peça foi inspirada nas tradições populares do cordel, um gênero literário que se caracteriza pela poesia rimada e pela narração de histórias populares.
- A obra foi escrita em 1955, mas ganhou notoriedade somente em 1962, quando foi encenada com grande sucesso no teatro.
- Suassuna foi um grande defensor da cultura nordestina e criou o Movimento Armorial, com o objetivo de promover uma arte erudita baseada nas raízes populares da cultura brasileira.
Faixa Etária
Recomendo O Auto da Compadecida para leitores a partir de 14 anos, pois aborda temas complexos, como a moralidade, a religião e a justiça divina.
No entanto, devido ao seu humor e à sua linguagem acessível, também pode ser apreciado por leitores mais velhos e até por adolescentes.
Sobre o Autor
Ariano Suassuna foi um dos maiores nomes da literatura brasileira. Nascido na Paraíba em 1927, Suassuna se destacou não só como escritor, mas também como dramaturgo, poeta e artista plástico.
Ele foi o criador do Movimento Armorial, que buscava valorizar as artes populares do Brasil, especialmente as do Nordeste.
Suassuna também foi membro da Academia Brasileira de Letras e deixou um legado de obras que são fundamentais para a compreensão da cultura brasileira.
Outros Livros do Autor
- A Pedra do Reino – Um romance que mistura o realismo mágico com a mitologia nordestina.
- O Romance de Domingos Porecatu – Uma obra que também explora as raízes da cultura popular brasileira.
- O Santo e a Porca – Uma peça que critica a moralidade e a ganância humana.
- A Falecida – Uma obra que mistura comédia e drama, abordando as relações humanas de forma profunda.
Categoria do Livro
- Teatro
- Literatura Brasileira
- Humor
- Realismo Mágico
Por que Ler Este Livro
O Auto da Compadecida é uma obra que vale a pena ser lida por diversos motivos. Primeiro, é uma das maiores expressões da cultura nordestina e uma verdadeira homenagem à literatura de cordel.
Segundo, a obra é uma reflexão profunda sobre a moralidade, a hipocrisia religiosa e a condição humana.
E, por último, a obra é extremamente divertida, com personagens que se tornam inesquecíveis e situações que nos fazem rir, mas também pensar sobre a vida.
Se você ainda não leu O Auto da Compadecida, está perdendo uma das mais importantes obras da literatura brasileira.
Não importa se você já viu o filme ou conhece a história – a leitura do livro é uma experiência única e enriquecedora.
Conclusão
Em O Auto da Compadecida, Ariano Suassuna nos apresenta uma obra que, ao mesmo tempo em que é divertida, reflexiva e crítica, também é profundamente humana.
Através de personagens inesquecíveis e de uma trama envolvente, ele nos faz rir e refletir sobre a vida, a morte, a justiça divina e a moralidade.
Ao longo dos anos, a obra se manteve atual e relevante, sendo uma leitura indispensável para quem deseja entender a literatura brasileira e a cultura nordestina.
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Principais Avaliações do Brasil
- Thomas Fabelo – 5 estrelas: “O Auto da Compadecida é um clássico brasileiro que transcende gerações.”
- Jamilly – 5 estrelas: “Lindo! Livro chegou em ótimo estado e bem rápido.”
- Patrícia da Silva Porto – 5 estrelas: “Linda peça, livro com ótimo acabamento!”
- Jeronimo Ramon – 5 estrelas: “Vale a pena cada centavo investido nesse livro.”
- Ariella Barbosa Lima – 5 estrelas: “Versão em audiolivro é uma encenação maravilhosa!”
- Rejane Silva – 5 estrelas: “Livro entregue dentro do prazo, muito bem conservado.”
- Mari L. – 4 estrelas: “O livro veio perfeito, minha filha ainda não leu.”
FAQ
Qual é o tema principal de O Auto da Compadecida? | O tema principal é a crítica à hipocrisia social e religiosa, abordando questões como a justiça divina e a moralidade. |
Qual é a faixa etária recomendada para o livro? | A obra é recomendada para leitores a partir de 14 anos. |
O livro é apenas uma peça teatral? | Sim, O Auto da Compadecida é uma peça teatral, mas também pode ser lido como um romance devido à sua riqueza literária. |
A obra tem alguma adaptação cinematográfica? | Sim, o livro foi adaptado para o cinema em 2000, com grande sucesso de público e crítica. |
Quem foi Ariano Suassuna? | Ariano Suassuna foi um dramaturgo, poeta e romancista brasileiro, famoso por defender a cultura nordestina e por sua criação do Movimento Armorial. |
O que é o Movimento Armorial? | O Movimento Armorial foi criado por Ariano Suassuna para promover uma arte erudita baseada nas raízes populares da cultura nordestina. Suassuna acreditava que a arte brasileira precisava ser mais autêntica, buscando inspiração nas manifestações culturais do Nordeste, como a música, o teatro e a literatura de cordel. O movimento teve grande influência nas artes visuais, no teatro e na música, e ajudou a valorizar a cultura nordestina em um contexto mais amplo. |
Quais são as principais influências literárias de Ariano Suassuna? | Ariano Suassuna foi fortemente influenciado pela literatura popular, especialmente pela literatura de cordel, que utiliza versos rimados e narrações que muitas vezes abordam temas heroicos e míticos. Além disso, ele foi influenciado por autores como Gilberto Freyre, que exploraram as questões sociais e culturais do Brasil, e pelo romantismo brasileiro, que também buscava exaltar as raízes culturais do país. |