A Mãe – Máximo Gorki
O livro A Mãe, de Máximo Gorki, é uma daquelas obras que se fixam na memória de quem a lê. Escrita em 1906, a obra nos apresenta a história de uma mulher que, diante das dificuldades da vida e das convicções de seu filho, passa por uma verdadeira transformação.
Esta não é apenas uma história sobre a Revolução Russa ou sobre a luta de classes; é, acima de tudo, um relato profundo sobre a coragem humana e sobre como a condição de opressão pode moldar não só os indivíduos, mas também suas famílias e suas relações.
Gorki tem a capacidade rara de, com uma narrativa simples e direta, tocar a alma do leitor, mostrando a força silenciosa de uma mãe e o papel crucial da mulher na história da humanidade.
O Que Se Trata o Livro
“A Mãe” é um romance que narra a trajetória de Anna Kirilovna, uma mulher simples que vê sua vida se transformar à medida que seu filho, Piotr Zalomov, se envolve com um movimento revolucionário operário.
O cenário da história é a cidade de Sormovo, na Rússia, e a trama se desenvolve no contexto das manifestações operárias de 1902. O livro se baseia em acontecimentos reais, refletindo as tensões sociais e políticas da época.
Piotr, o filho de Anna, é um operário da fábrica que, após se envolver com um grupo de militantes, se vê preso em uma luta pela justiça e pela liberdade.
A narrativa acompanha o processo de conscientização política de Piotr e, paralelamente, a transformação de sua mãe, que começa como uma simples dona de casa e, com o tempo, se torna uma militante fervorosa.
Este não é apenas um relato político sobre os operários russos. Gorki se debruça sobre as questões de classe e de gênero com uma sensibilidade rara, ao dar voz a uma mulher que, mesmo no meio da opressão, encontra forças para lutar por seu filho e por um mundo melhor.
Ao longo da obra, vemos uma mãe comum se transformando em um símbolo de resistência e coragem, não apenas diante de sua própria vida, mas diante da dor e da luta de toda uma classe social.
A história nos faz refletir sobre a importância de cada pequena revolução pessoal, sobre como um gesto de coragem pode transformar uma vida inteira.
Resenha Completa
Máximo Gorki nos apresenta, em A Mãe, uma história que não se limita a ser um relato da luta operária, mas que se entrelaça com os dilemas universais da vida humana.
A personagem de Anna Kirilovna é uma das mais poderosas da literatura, não por ser uma heroína convencional, mas por ser uma mulher simples, dotada de uma força interna extraordinária.
Gorki faz questão de destacar o papel fundamental das mulheres na história da revolução, não apenas como figuras de apoio, mas como agentes de transformação.
O elo entre mãe e filho é central para a narrativa e se revela como um dos motores que impulsionam toda a história.
A trama é envolvente, não só pela perspectiva política, mas pelo modo como os personagens são humanizados. Piotr, o filho, não é apenas o “revolucionário” que busca uma causa, mas um jovem com dúvidas, medos e esperanças.
Sua mãe, Anna, se vê perdida inicialmente, sem saber como apoiar o filho sem pôr em risco a vida dele e de toda a sua família. Aos poucos, a mãe se torna uma protagonista ativa, ajudando a liderar o movimento em sua própria forma silenciosa, mas profundamente poderosa.
Gorki não faz julgamentos fáceis. Em vez disso, ele nos apresenta uma visão complexa da realidade, onde o amor e a luta política se misturam de maneira indissociável.
Ele nos leva a questionar até onde a lealdade a uma causa pode levar uma pessoa e qual é o preço que se paga por ser fiel aos próprios ideais. A obra não nos apresenta respostas prontas, mas nos convida a refletir sobre os sacrifícios feitos em nome de algo maior.
A forma como Gorki escreve, ao mesmo tempo que é crua e sem adornos, também é repleta de uma sensibilidade que não só traz profundidade à narrativa, mas a torna ainda mais impactante.
Ele constrói uma realidade onde as lutas sociais e familiares se entrelaçam de maneira que o leitor não consegue mais separar uma da outra.
A obra, portanto, não se limita a ser um retrato da Revolução Russa, mas se torna uma reflexão sobre o papel do ser humano em tempos de crise, a busca por justiça e, principalmente, a força que pode ser encontrada no amor.
Breve Descrição
- Título: A Mãe
- Autor: Máximo Gorki
- Gênero: Romance Socialista, Literatura Russa
- Ano de Lançamento: 1906
- Páginas: 456
- ISBN: 978-8587394071
- Idioma: Português
- Editora: Expressão Popular
Ano de Lançamento
O livro foi lançado pela primeira vez em 1906 e desde então permanece como um dos maiores exemplos de literatura socialista e realista.
Sua relevância é atemporal, e muitos consideram que a obra teve um impacto profundo não só sobre a literatura da época, mas também sobre os movimentos políticos de esquerda no mundo inteiro.
Outros Livros do Autor
Máximo Gorki, com sua visão crítica e engajada, escreveu outras obras fundamentais que exploram a realidade russa e a luta dos marginalizados. Alguns de seus livros mais notáveis incluem:
- Minha Vida (1900)
- Foma Gordyeiev (1913)
- A Casa de Morte (1906)
- Os Vagabundos (1906)
- A Cidade de Tchekhov (1902)
Críticas Especializadas
As críticas sobre A Mãe são, em sua maioria, extremamente positivas. Críticos elogiam o livro por sua sinceridade brutal e por sua habilidade em combinar elementos de literatura realista com uma profunda análise política e humana.
O escritor Edmund Wilson, por exemplo, afirmou que “A Mãe” é uma obra que transcende a literatura socialista, porque fala diretamente à alma humana, independentemente de ideologia.
Em um contexto mais recente, Frei Betto, no prefácio da edição atual, observa que a obra continua sendo essencial para a compreensão das lutas sociais e dos sacrifícios feitos por aqueles que buscam justiça.
Sua influência é inegável, especialmente entre aqueles que procuram entender o passado e suas implicações no presente.
Curiosidades
- Inspiração Real: A história é inspirada em eventos reais, como a revolta operária de Sormovo e o movimento revolucionário de 1902.
- Impacto Internacional: O livro foi amplamente lido por militantes de esquerda e teve grande importância nos círculos revolucionários do início do século XX.
- Prefácio de Frei Betto: A edição moderna do livro inclui um prefácio de Frei Betto, que reflete sobre a atualidade do texto de Gorki, especialmente em tempos de crise política e social.
Faixa Etária
Por conta de seus temas profundos e complexos, a faixa etária recomendada para A Mãe é de 16 anos ou mais, idealmente para aqueles que têm interesse em história, política e literatura.
Categoria do Livro
- Categoria: Romance Socialista
- Subgênero: Literatura Realista
- Público-alvo: Jovens e adultos, especialmente aqueles interessados em literatura política, história russa e questões sociais.
Sobre o Autor
Máximo Gorki (Alexei Maximovich Peshkov) nasceu em 28 de março de 1868, na cidade de Níjni Novgorod, Rússia. Sua infância foi marcada por dificuldades, sendo órfão desde cedo e tendo que trabalhar para sobreviver.
Essas experiências lhe deram uma visão única da vida dos pobres e marginalizados, o que se reflete em suas obras. Gorki foi um dos principais autores do movimento literário socialista e teve um papel importante no processo revolucionário russo.
Além de escritor, foi um ativista político que, mais tarde, se exilou devido às suas opiniões e envolvimento com os eventos revolucionários. Faleceu em 18 de junho de 1936, em Moscou.
Conclusão
“A Mãe” é uma leitura indispensável para quem deseja entender não apenas a Revolução Russa, mas também a força imensa que existe nas relações humanas e no amor.
A obra de Gorki nos ensina que, em momentos de crise, é possível encontrar uma resistência silenciosa, mas poderosa, nos gestos mais simples.
Não é só um livro sobre a luta política, é um livro sobre a luta interna de cada um de nós para ser mais e melhor, mesmo diante das adversidades.
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